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O FAMOSO TUCANO SERRA EM BAIXA

Inferno astral assombra candidatura Serra 








Há algo de estranho no reino da candidatura José Serra. De muito estranho. Os problemas vieram à tona junto com os números do Ibope, mas se acumulam mais aceleradamente por baixo da eterna aparência de soberba do candidato desde que ele próprio, usando de força política, dobrou o PSDB para fazer o chamado ‘chapão’ com o PSD do prefeito Gilberto Kassab, quarenta dias atrás. Algo de estranho detectado bem antes, quando num périplo  cumprido a contragosto pelos diretórios zonais do seu partido, nos bairros, Serra cansou de ouvir  pessoalmente reclamações de militantes humildes, entre revolta e lamentação,  lembrando a ele terem sido esquecidos nas nomeações para cargos tanto em sua gestão na Prefeitura como no governo, entre 2005 e 2010.
A falta de apoio nas bases tucanas corroeu as tensas relações com a cúpula, aumentando a inapetência de Geraldo Alckmin para atuar contra as dissidências. Além de deixar correr, ou “não fazer nada”, na expressão de um tucano de alta plumagem, o governador passa agora a ocupar seu próprio espaço na sucessão de 2014. Ao avisar o senador mineiro Aécio Neves que também é pré-candidato entre os tucanos e pedir prévias para a escolha do nome, Alckmin igualmente sinaliza Serra com uma placa de contramão à estratégia trampolim serrista que combinaria o salto à Prefeitura, agora, com uma pirueta para à Presidência daqui a dois anos. A vez, depois de duas rodadas presidenciais com Serra, volta a ser de Alckmin, diz o governador, que teve a candidatura presidencial em 2006. Ele sabe o caminho e quer percorrê-lo de novo. No plano municipal, despreocupado, vê diretórios zonais do partido, como o do Jabaquara, esta semana, migrarem politicamente para o lado de seu ex-secretário e amigo pessoal Gabriel Chalita, do PMDB. Não se importa, ao contrário, acha bom.
Não foi coincidência o fato de Alckmin se lançar no momento de maior inferno astral da candidatura municipal de Serra. Enquanto vê, sem reação, sua taxa de rejeição se perpertuar, o político de currículo consistente (economista que deu aulas de matemática para economistas, ex-secretário, ex-deputado federal duas vezes, ex-ministro duas vezes, ex-prefeito e ex-governador do principal Estado do País) continua sem trejeitos para o trabalho de corpo a corpo com o eleitorado. No momento, vê o que parecia ser uma boa notícia, a consolidação da candidatura Celso Russomano, do PRB, como forma de evitar a presença de PT ou PMDB no segundo turno, virar um pesadelo de longo curso. Simpático ao eleitorado evangélico, cuja extensão, para alguns analistas, chega a 35% do contingente da capital paulista, Russomano hoje está empatado com o tucano, segundo o Ibope, com 26% e dele já abre larga vantagem no segundo turno, com 42% contra 35%. Mais: descreve uma curva ascendente, contra uma diagonal para baixo do tucano.
O maior cabo eleitoral de Serra, o prefeito Gilberto Kassab, experimenta nos últimos meses o sabor da vitória pelo crescimento nacional do PSD, mas amarga o veloz declínio em seus índices de popularidade na capital, tornando-se alvo preferencial de todos os adversários. Ele não poderá ajudar Serra como gostaria. No campo das finanças, os tradicionais financiadores do PSDB, assustados com os desdobramentos do caso mensalão e atentos à maior fiscalização da mídia, ainda não abriram os cofres para a campanha municipal do partido, o que faz Serra ter pouco material para ocupar espaços que já vêm sendo tomados pelas máquinas de Fernando Haddad e Chalita. O horário eleitoral gratuito já vai sendo visto, internamente, como a grande esperança de Serra reagir. Vai ser ele e seu fiel marqueteiro Luiz Gonzales, como já aconteceu, contra o resto. Eles vão conseguir?

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