Polícia
Civil afirma que deputado do PSC passou a segunda-feira reunido com o líder
evangélico preso por estupro no Rio. Lista de amizades inclui ainda Anthony
Garotinho, Álvaro Dias, Marlene Mattos e o ex-pagodeiro Waguinho.
Como mostrou
VEJA em março do ano passado, a lista de amigos ilustres inclui o também pastor
e ex-pagodeiro Waguinho, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e a produtora de TV
Marlene Mattos. Para os políticos, Marcos Pereira foi até agora um amigo e
tanto, por sua influência na Baixada Fluminense e seu poder de penetração em
áreas carentes – e perigosas, pela presença de traficantes. Desde a revelação
das acusações de estupro, não são aceitáveis, portanto, justificativas na linha
do "eu não sabia" para quem vinha tentando faturar politicamente com
a amizade.
Marcos Pereira aproximou-se do
ex-governador e deputado Anthony Garotinho (PR) quando, em 2004, intermediou as
negociações que encerraram uma rebelião de detentos no estado do Rio. Garotinho
era, à época, secretário de Segurança da governadora Rosinha Garotinho, sua
mulher. Começou, naquele episódio, a imagem de homem capaz de domar criminosos
fortemente armados e com poder de interlocução nos presídios.
Pastores – Entre líderes das igrejas evangélicas,
a prisão de Pereira foi recebida com cautela. “Tem que esperar a Justiça. Toda
pessoa é inocente até que se prove o contrário”, afirmou o deputado Marco
Feliciano (PSC-SP), pastor e presidente da Igreja Assembléia de Deus Catedral
do Avivamento, que se disse “chocado e muito triste” com a notícia. Em
fevereiro passado, Feliciano rasgou-se em elogios ao amigo pastor na tribuna da
Câmara, onde é presidente da Comissão de Direitos Humanos. Na ocasião, disse
que Pereira é “um homem reconhecido da nação” e “uma pessoa de bem”.
Já Silas Malafaia é menos condescendente com o homem que ajudou a “converter”.
“Se for verdade, vou lamentar profundamente, mas ele terá de pagar, como
qualquer pessoa que comete um ato monstruoso desse.” Presidente da Igreja Assembléia
de Deus Vitória em Cristo, ele conta que ouviu de Pereira que foi graças a uma
pregação sua, há cerca de 15 anos, que o pastor decidiu “entregar sua vida” a
Cristo. Depois, não tiveram mais muito contato. Malafaia sabe e elogia os
projetos de Pereira com presos e drogados, mas ressalta que isso não alivia as
acusações que recaem sobre ele. “Nada justifica”, enfatiza.
Agora que a
lista de crimes vem à tona, a Polícia Civil do Rio questiona até a postura de
neutralidade vendida pelo pastor. Para o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia
Especial de Combate às Drogas (DCOD), Pereira nada mais faz do que encenar
negociações. Na verdade, afirmou ele, ao site de VEJA, há por trás disso um
envolvimento com traficantes com suspeita de ocultação de armas em templos e
episódios de violência: ele é suspeito também de ter ordenado ataques do
tráfico em 2006 no Rio, na época em que duas dezenas de pessoas morreram e a
cidade ficou de joelhos diante do poder dos criminosos.
Pereira é investigado por um
homicídio: o da jovem Adelaide Nogueira dos Santos, morta em 29 de dezembro de
2006. Um dos condenados em primeira instância pela morte da jovem é Geferson
Rodrigues dos Santos, sobrinho de Pereira.